Fernando Pessoa
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamosQue a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.(Enlaçemos as mãos).
Depois pensemos, crianças adultas, que a vidaPassa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Depois pensemos, crianças adultas, que a vidaPassa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes.
Abat-Jour
A lâmpada acesa (Outrem a acendeu) Baixa uma beleza Sobre o chão que é meu.
A lâmpada acesa (Outrem a acendeu) Baixa uma beleza Sobre o chão que é meu.
No quarto deserto Salvo o meu sonhar, Faz no chão incerto Um círculo a ondear.
E entre a sombra e a luz Que oscila no chão Meu sonho conduz Minha inatenção.
Bem sei ... Era dia E longe de aqui... Quanto me sorria O que nunca vi!
E no quarto silente Com a luz a ondear Deixei vagamente Até de sonhar...
Fernando Pessoa
E entre a sombra e a luz Que oscila no chão Meu sonho conduz Minha inatenção.
Bem sei ... Era dia E longe de aqui... Quanto me sorria O que nunca vi!
E no quarto silente Com a luz a ondear Deixei vagamente Até de sonhar...
Fernando Pessoa
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